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Von Trips vinha em excelente fase na temporada: havia vencido o Grande Prêmio da Holanda, somava pontos consistentes nas demais corridas e, em Monza, garantiu a pole position, reforçando seu favoritismo para o título. Entretanto, o destino foi cruel. Logo no início da prova, ele se chocou com a Lotus de Jim Clark, e a Ferrari do alemão foi lançada contra a arquibancada, em um dos episódios mais trágicos da história da Fórmula 1. A partir dali, o campeonato se decidiu em favor de Phil Hill, que terminou o ano com 34 pontos, apenas um a mais do que Von Trips havia acumulado até então. A tragédia foi tão impactante que Enzo Ferrari retirou a equipe da etapa final nos Estados Unidos, impedindo Hill de correr em sua terra natal.
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Ao mesmo tempo, a Ferrari dava um passo fundamental em termos técnicos. O conservadorismo de Enzo Ferrari, que insistia nos pesados carros de motor dianteiro, finalmente foi superado pela modernidade imposta pelo novo regulamento da FIA. Em 1961, os monopostos passaram a adotar motores de até 1,5 litro, naturalmente aspirados, montados entre o piloto e o eixo traseiro, em carros compactos e ágeis, que rapidamente superaram os antigos modelos de motor dianteiro. A resposta da Ferrari foi o icônico 156 “Nariz de Tubarão”, equipado com o motor Dino V6 de 1,5 litro, capaz de gerar 190 cv a 9.500 rpm. Leve, pesando apenas 420 kg, e dotado de suspensão de duplo triângulo, o 156 provou ser um carro competitivo, garantindo cinco vitórias em oito etapas, conquistadas por Hill, Von Trips e também pelo italiano Giancarlo Baghetti.
O calendário de 1961 foi relativamente curto, com apenas oito provas disputadas entre maio e outubro. A temporada começou em Mônaco, passou por Holanda, Bélgica, França, Inglaterra e Alemanha, chegando ao fatídico GP da Itália, antes de encerrar nos Estados Unidos. Países que tradicionalmente sediavam corridas, como Argentina, Portugal e Marrocos, ficaram de fora por razões financeiras e políticas.
As mudanças no regulamento não se limitaram ao desempenho, mas também envolveram a segurança, um ponto cada vez mais urgente diante da frequência de acidentes fatais. A partir daquele ano, cintos de segurança passaram a ser obrigatórios, assim como o uso de macacões e capacetes pelos pilotos. Além disso, os carros passaram a ser vistoriados diretamente pela FIA, que estabeleceu peso mínimo de 450 kg, freios a disco com duplo circuito, tanque de combustível com espuma interna, barra de proteção para a cabeça do piloto, o chamado “santo antônio”, além de exigir rodas descobertas e sistemas de alimentação mais padronizados.
Mesmo com todos esses avanços, 1961 continuou sendo um ano duro em termos de segurança: três pilotos morreram durante a temporada. Ainda assim, foi um período decisivo para o futuro da Fórmula 1, simbolizando a transição dos velhos carros de motor dianteiro para os modernos monopostos que estabeleceriam o padrão da categoria. Foi um ano em que a Ferrari brilhou e chorou, em que Phil Hill entrou para a história como campeão e em que Wolfgang von Trips deixou a vida como um dos maiores talentos que a Fórmula 1 perdeu cedo demais.